(Nonato Albuquerque)
Que notícia mais chata, essa da morte do Chico. Não fosse a saúde abalada e a longa agonia que viveu no Samaritano, do Rio, a gente gostaria é que fosse apenas uma daquelas barrigadas da imprensa. Mas Chico morreu. Quem dera que fosse até mesmo uma piada. De mau gosto. E contada não por quem foi exímio humorista, mas por uma porção de pessoas que aprenderam a admirá-lo ao longo desses 80 anos de existência.
Gênio de uma Era
Chico Anysio é um desses raros fenômenos que acontecem no mundo uma vez em um século. Assim como Pelé e Ayrton Senna. Gênio criativo, sabia como ninguém encarnar os mais diferentes tipos – era um dos recordistas mundiais -, a ponto de quase nunca associarmos o personagem que ele interpretava com o artista nascido em Maranguape. E sabê-lo cearense é motivo de envaidecimento nosso!
Herói e santo
Agildo Ribeiro, ainda há pouco, considerou que morreu não apenas o ídolo, mas um herói nacional. Que sabia sobreviver fazendo rir o povo do Brasil.
Chico construiu uma família numerosa de personagens. E cada um deles, apaixonadamente ele buscava aprimorá-los.
Lúcio Mauro Filho: “o Chico já está canonizado. Já sobe como um dos grandes santos do humor e da comédia brasileira”.
Fenômeno único
Fosse ele, um artista no cinema norte-americano ou inglês, o mundo todo iria considerá-lo um dos maiores do planeta. “Ele é um fenômeno único na história da dramaturgia brasileira”, disse Ziraldo, ao tomar conhecimento da passagem.
Jô Soares disse que todo o Brasil esteve pendurado na agonia do Chico, lembrando outro momento de grande transe nacional que foi a passagem de Tancredo. “Ele foi um dos maiores atores característicos do mundo”, completou Jô Soares, que chegou a dirigi-lo em um espetáculo.
Os humoristas falam com tanta propriedade dele, por ter sido um verdadeiro companheiro. Companheiro de seus pares, sempre usou da sua bonomia para ajudar aqueles comediantes que estavam precisando de auxílio.
A bonomia do Chico
A Escolinha do Professor Raimundo era o abrigo onde nomes célebres do passado eram albergados com respeito e dignidade.
Num país onde o humor tem se resvalado pela falta de criatividade e de talento, Chico Anysio deixa um enorme vazio. Um vazio ainda maior por se tratar de um homem do riso.
Chorar Chico Anysio parece tão contraditório…
Creio no mundo como num malmequer, Porque o vejo. Mas não penso nele Porque pensar é não compreender... O Mundo não se fez para pensarmos nele (Pensar é estar doente dos olhos) Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo... Eu não tenho filosofia; tenho sentidos... Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é, Mas porque a amo, e amo-a por isso Porque quem ama nunca sabe o que ama Nem sabe por que ama, nem o que é amar... Fernando Pessoa
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