sexta-feira, 23 de março de 2012

Chorar Chico Anysio parece tão contraditório… é melhor torcer para que ele faça rir por onde chegar.

(Nonato Albuquerque)

Que notícia mais chata, essa da morte do Chico. Não fosse a saúde abalada e a longa agonia que viveu no Samaritano, do Rio, a gente gostaria é que fosse apenas uma daquelas barrigadas da imprensa. Mas Chico morreu. Quem dera que fosse até mesmo uma piada. De mau gosto. E contada não por quem foi exímio humorista, mas por uma porção de pessoas que aprenderam a admirá-lo ao longo desses 80 anos de existência.

Gênio de uma Era

Chico Anysio é um desses raros fenômenos que acontecem no mundo uma vez em um século. Assim como Pelé e Ayrton Senna. Gênio criativo, sabia como ninguém encarnar os mais diferentes tipos – era um dos recordistas mundiais -, a ponto de quase nunca associarmos o personagem que ele interpretava com o artista nascido em Maranguape. E sabê-lo cearense é motivo de envaidecimento nosso!

Herói e santo

Agildo Ribeiro, ainda há pouco, considerou que morreu não apenas o ídolo, mas um herói nacional. Que sabia sobreviver fazendo rir o povo do Brasil.

Chico construiu uma família numerosa de personagens. E cada um deles, apaixonadamente ele buscava aprimorá-los.

Lúcio Mauro Filho: “o Chico já está canonizado. Já sobe como um dos grandes santos do humor e da comédia brasileira”.

Fenômeno único

Fosse ele, um artista no cinema norte-americano ou inglês, o mundo todo iria considerá-lo um dos maiores do planeta. “Ele é um fenômeno único na história da dramaturgia brasileira”, disse Ziraldo, ao tomar conhecimento da passagem.

Jô Soares disse que todo o Brasil esteve pendurado na agonia do Chico, lembrando outro momento de grande transe nacional que foi a passagem de Tancredo. “Ele foi um dos maiores atores característicos do mundo”, completou Jô Soares, que chegou a dirigi-lo em um espetáculo.

Os humoristas falam com tanta propriedade dele, por ter sido um verdadeiro companheiro. Companheiro de seus pares, sempre usou da sua bonomia para ajudar aqueles comediantes que estavam precisando de auxílio.

A bonomia do Chico

A Escolinha do Professor Raimundo era o abrigo onde nomes célebres do passado eram albergados com respeito e dignidade.

Num país onde o humor tem se resvalado pela falta de criatividade e de talento, Chico Anysio deixa um enorme vazio. Um vazio ainda maior por se tratar de um homem do riso.

Chorar Chico Anysio parece tão contraditório…

Nenhum comentário:

Postar um comentário