quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A vacinação e o princípio das redes adaptativas

A vacinação é um simulacro. As vacinas são desenvolvidas a partir de fragmentos de vírus ou bactérias, cuja superfície celular ainda retém os marcadores moleculares que lhes são próprios. De resto, vacinar é “como se” introduzíssemos os microrganismos “como se” estivessem vivos, mas não estão. Quando os produtos da vacina são introduzidos no nosso organismo, geralmente por via injetável, o nosso sistema imunológico reage produzindo anticorpos para os perfis moleculares correspondentes aos microrganismos em causa. Clones de linfócitos B amadurecem para produzir anticorpos. Estas células do nosso sistema imunológico são enganadas por nós próprios, estimulando-as com fragmentos de vírus, ou bactérias, como se fossem os próprios agentes vivos a invadir o corpo. O nosso sistema imunitário é um sistema para o qual o conceito de vivo ou morto não faz sentido. Mas, para nós, o que interessa e faz sentido é que o sistema fique melhor preparado para um futuro encontro com esses agentes, dessa vez a sério, com eles vivos. E o que acontece? Perante uma infecção efetiva o nosso sistema está mais apto a combater a infecção com maior eficácia. Portanto, se ocorrer verdadeira ameaça, o nosso sistema imunitário estará melhor preparado para o combate.

Ao fim e ao cabo isto é o que se conhece por bioinformação, em que o que está em causa é o reconhecimento de padrões. O conhecimento das células é sempre impreciso e incompleto. O que estas células fazem é articularem-se em redes que constroem modelos a partir de exemplos prévios. Isto é o que se passa com as redes neurais naturais e também com as redes neurais artificiais. Hoje em dia, no campo da Inteligência Artificial, este processo de informação – num nível onde os padrões representam conjuntos de dados, mas sem atribuição de significado imediato a cada dado ou elemento do padrão processado – é conhecido por Raciocínio Subsidiário. A representação subsimbólica dos dados no interior da rede não é explícita nem possui significado. O significado é dado por nós como pessoas. Nós, pessoas, somos sistemas naturais e culturais, complexos e auto-organizados, incorporados e situados. Quer dizer que temos uma história evolutiva.

Foi na base de modelos híbridos, biológicos e computacionais, que Grossberg e Carpenter criaram nos anos de 1980 a Teoria de Ressonância Adaptativa, para modelarem artificialmente uma rede neural auto-organizada para reconhecimento de padrões. Ocorre ressonância adaptativa quando padrões de a
tividade nas camadas de entrada e de saída se reforçam mutuamente. Estas redes adaptativas agrupam informação usando aprendizagem não supervisionada, descobrindo características por módulos de padrões. São estáveis e ao mesmo tempo plásticas. A aprendizagem faz-se por graus de semelhança de padrões colocados em agrupamentos.

Os linfócitos como componentes de uma rede subsimbólica são incapazes de “saber” por que é que reagem de uma determinada maneira no espaço-tempo, uma vez que não dispõem de um mapeamento explícito de causa-e-efeito, como nós (pessoas) possuímos como um todo. Nós (pessoas) com a vacinação acrescentamos a consciência a um sistema, o organismo, que opera por si, de uma forma auto-organizada. Para o nosso organismo o sistema imunitário é um sistema tipo “caixa-negra”, é um sistema cujas partes e seus estados são desconhecidos. O organismo, como sistema global, tem acesso apenas aos padrões, que são estados de sistema global como um todo.
Créditos: F. Dia

Nenhum comentário:

Postar um comentário